ORGULHO E PRECONCEITO
- SÓ MAIS UM CAPÍTULO
- 16 de jun. de 2017
- 12 min de leitura

Informações: Este livro de Jane Austen foi finalizado em 1797, porém só foi publicado em 1813. Inicialmente, a autora quis nomear a sua obra com "First Impressions" (Primeiras Impressões), mas mudou de ideia e, inspirada no título de um capítulo do livro "Cecília", de Fanny Burney, nomeou-o como Pride and Prejudice. A esposa de Lord Byron, Anne Milbanke, elogiou a obra dizendo ser "um romance elegante" e em 2008 ficou em 1° lugar na lista de melhores livros já escritos, segundo os australianos.
Prólogo: "É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, possuidor de uma grande fortuna, deve estar em busca de uma esposa. Embora pouco conhecidos talvez sejam os sentimentos ou opiniões de tal homem quando ele adentra, pela primeira vez, em uma vizinhança, essa verdade está tão fixada nas mentes das famílias ao seu redor que ele é considerado a propriedade de direito de alguém ou de uma de suas filhas."
Resenha: O Sr. Bingley acaba de se mudar para Netherfield, uma região bem próxima à Longbourn e logo toda a vizinhança está sabendo de sua chegada, além de sua condição de solteiro e de sua fortuna de 5000 libras por ano. A Sra. Bennet, ansiosa com a suposta possibilidade de casar uma de suas filhas, insistiu que seu marido deveria visitá-lo logo. Um baile é organizado e logo Elizabeth conhece não só o Sr. Bingley e suas esnobes irmãs (Srta. Caroline Bingley e Sra. Hurst) , como também seu amigo, o Sr. Darcy. Este último, apesar de ser um homem bonito, culto e rico, é vaidoso e arrogante e de primeira despreza Lizzy (Elizabeth), chamando-a de tolerável e se recusando a dançar com ela.
Lizzy começa a fazer julgamentos do Sr. Darcy, sempre tendo como base as suas primeiras impressões, assim como ele também começa a analisa-la, percebendo que não é como as outras mulheres da sociedade. É aí que surge Wickham, um soldado charmoso, com quem é fácil de fazer amizade, porém este tem um passado com o amigo de Bingley. Lizzy ouve sua versão da história e acredita logo de cara que o Sr. Darcy é um mau-caráter e insensível.
A partir de determinado momento, fica clara a preferência de Bingley por Jane, desagradando muito suas irmãs, que junto ao Sr. Darcy, convencem-o de que ela era indiferente à ele e que também sua família era "inadequada". Julgando ter sido muito precipitado em seus sentimentos e que não era correspondido, o Sr. Bingley, suas irmãs e seu amigo, partem para Londres, supostamente para nunca mais voltar. Contudo, Elizabeth se reencontra com o Sr. Darcy, quando vai à mansão de Lady Catherine de Bourgh, que é conhecida do Sr. Collins (primo do Sr. Bennet).
Surpreendentemente, Darcy acaba confessando seu amor e admiração por Lizzy, pedindo sua mão em casamento, porém de uma maneira pouco cavalheiresca e por demais ofensiva: ele diz que tem consciência de que o que está fazendo não é racional pois são de status diferentes, tem relações sociais diferentes e que ela é de certo modo inferior. Ela não aceita seu pedido e o acusa de todos os defeitos: arrogância, vaidade e desprezo pelos sentimentos alheios; mencionou também a sua insensibilidade com Wickam. Mais tarde, depois da briga, o Sr. Darcy lhe entrega uma carta, onde relata todos os seus negócios com Wickam, contando que este era um amigo próximo que o traiu ao tentar seduzir sua irmã, visando sua fortuna; também explica que não separou Jane do Sr. Bingley por maldade mas de maneira imparcial, por acreditar que estaria ajudando o amigo a se livrar de um casamento indesejado e de uma mulher indiferente.
O clima fica estranho entre Darcy e Lizzy mas eles se aproximam cada vez mais, ambos reconhecendo agora que erraram em seus julgamentos e preconceitos, percebendo as verdadeiras qualidades um do outro. Lizzy acaba por conhecer Georgiana, a irmã de Darcy, que se mostra gentil e tímida, nada daquela menina arrogante que sempre lhe falaram. Mas justamente quando as coisas parecem estarem indo bem, Lydia surpreende a família ao fugir na calada da noite com Wickam. Vendo o desespero de Elizabeth, o Sr. Darcy parte para Londres com o intuito de encontra-los e fazer com que Wickam se case com a garota. Ele é bem sucedido em sua missão e pede ao Sr. Gardiner (tio de Elizabeth) que mantenha sigilo sobre tudo e que assuma a responsabilidade.
Apesar disso, Lizzy fica sabendo das ações do Sr. Darcy. Ela o agradece em nome de sua família assim que tem a oportunidade (quando o Sr. Bingley volta à Netherfield para pedir Jane em casamento e o Sr. Darcy o acompanha na viagem), porém o mesmo responde que fez tudo pensando nela e então questiona-a se seus sentimentos ainda são os mesmos, ao que ela lhe responde que os seus sentimentos sofreram uma drástica mudança, o que equivale a dizer: EU TE AMO!!!!
Pela fidelidade ao livro, acredito que a melhor adaptação foi a série da BBC, produzida em 1995. Muitas coisas me levam a pensar a isso, algumas delas são:
1- A maioria dos diálogos, tão bem construídos nos livros, estão presentes na série, sem cortes. É muito frustrante quando queremos ver um determinado diálogo nas adaptações e este não aparece, é simplesmente cortado e muitas vezes têm grande importância para o desenvolvimento da história.
2- Claro que a atuação de Keira Knightley e Matthew Macfadyen, (e dos outros atores também), no filme de 2005 foi ótima, mas ainda assim eu os colocaria em segundo lugar. Jennifer Ehle captou com perfeição a personalidade crítica e ao mesmo tempo romântica de Elizabeth Bennet! Isso sem falar do Colin Firth, que fez o melhor Sr. Darcy de todos os tempos e eu duvido muito que haverá igual ou melhor um dia. Macfadyen focou mais na característica de introspectivo do Sr. Darcy, deixando-o excessivamente tímido, ainda que tenha atuado tão bem; já Firth retratou cada camada da personalidade de seu personagem, arrogância, vaidade, introspectividade, etc. Ambos são ótimos atores, mas Colin Firth ganha sem sombra de dúvida.
3- Pode parecer bobagem, mas faz muita diferença para um leitor! Quando você lê um livro imagina absolutamente tudo, não só quanto à aparência dos personagens. Também pensamos nas roupas, no cenário, etc. As roupas usadas pelos personagens do filme de 1940, como por exemplo de Greer Garson e Laurence Oliver, são diferentes das usadas na época em que se passa a história. Na moda feminina por exemplo, era costume usar vestido de cintura alta, bem abaixo do busto e as vezes com mangas "bufantes", que era conhecido como vestido império. Ao contrário disso, na adaptação de 1940 adotaram a crinolina. Talvez tenha sido de propósito, mas teria sido melhor ser o mais fiel possível ao livro.
4- Na adaptação de 1940, o Sr. Darcy e a Srta. Elizabeth Bennet flertam muito um com o outro, mas muito mesmo! No livro e em outras adaptações é bem claro que os dois vivem se alfinetando nas conversas, e essa é a graça! Apesar disso, o filme é uma divertida distração.
5- Sobre Orgulho e Preconceito e Zumbis só digo que: não odeio, mas foi uma decepção. Misturar zumbis com a história não ficou tão legal quanto eu esperava e achei que tanto a Lily James quanto o Sam Ridley não conseguiram incorporar seus personagens, ficou muito superficial.
Nota: 5
O Sr. Bennet é uma mistura de sarcasmo, inteligência e bom humor e parece se divertir bastante irritando sua mulher, que diz sofrer dos nervos.


Desde o começo fica bem claro a personalidade frívola, imatura, exagerada e ignorante da Sra. Bennet. Ela fala demais e é inconveniente, causando embaraço não só para o seu marido mas também para Jane e principalmente para Elizabeth.

"Você tem prazer em me irritar."

Exagerada...

"Você não tem compaixão pelos meus pobres nervos."

Discreta
Mary, a terceira das irmãs, tem gosto pelos livros ao invés dos bailes e fofocas de Meryton, apesar disso, não pode ser considerada culta ou prendada.

Mary tenta cantar e tocar piano mas apenas envergonha seu pai e suas irmãs mais velhas.
Kitty é tola e facilmente manipulável pela irmã, sempre estando à sua sombra. Lydia é a favorita da mãe, que permite tudo à ela. A garota de 15 anos é alegre, sem noção, não liga para o nome da família, de modo que vive perseguindo soldados em Meryton e só pensa em bailes e roupas.

Jane é descrita como bela, tímida, gentil e sem malícia, sempre tentando ver o melhor nas pessoas. É muito próxima de sua irmã Elizabeth. Sua personalidade é muito semelhante à do Sr. Bingley, que é educado, bondoso, charmoso e alegre. (Muito contrário às suas duas irmãs, Srta. Caroline Bingley e Sra. Hurst, que são esnobes e arrogantes).





"Sim"

Elizabeth, também denominada de Lizzy, é inteligente, crítica, bem humorada e gosta de analisar personalidades. Tem o costume de fazer seus julgamentos com base nas primeiras impressões, portanto também agiu com orgulho e preconceito na história. O livro mostra como ela lida com problemas como moral, casamento, cultura, etc; o que a faz uma mulher bem diferente das outras daquela sociedade.

"__Mas a irmã dela, Elizabeth, é muito agradável.
__Perfeitamente tolerável, devo dizer. Mas não bela o suficiente para me tentar"

"__Posso ter a próxima dança, Srta. Elizabeth?
Sim"

Filme de 2005, com Keira Knightley e Matthew Macfadyen

Elizabeth confronta Darcy, analisando seu caráter.

"__Eu não entendo.
__Eu te amo."

Série da BBC, de 1995, com Jennifer Ehle e Colin Firth.
O Sr. Darcy é um homem frio, distante e introspectivo. Suas maneiras reservadas resultam em pessoas o acusando de ser arrogante e vaidoso, o que de certa maneira ele é. Também se mostra honrado e um amigo fiel, embora nem sempre faça as melhores escolhas com relação à seus amigos, como é o caso de Jane e do Sr. Bingley.

Existem outras adaptações de Orgulho e Preconceito, como por exemplo:

Orgulho e Preconceito, filme de 1940

Sr. Darcy e Srta. Elizabeth Bennet, estrelados por Laurence Oliver e Greer Garson.

Orgulho e Preconceito e Zumbis, Lily James estrelando Lizzy e Sam Ridley como Sr. Darcy. Filme de 2016
Sr. Darcy confessa seus sentimentos e pede Lizzy em casamento.
Filme de 2005
Filme de 2016 (Orgulho e Preconceito e Zumbis)
Filme de 1940
Série da BBC de 1995
Trecho do livro:
[...] "Esta ideia, porém, foi logo banida e a emoção inteiramente diversa quando viu, para sua imensa surpresa, o Sr. Darcy avançar pela sala. Um pouco em atropelo, ele fez-lhe várias perguntas sobre a sua saúde, atribuindo a sua visita ao desejo de a vir encontrar um pouco melhor. Ela respondeu-lhe com fria amabilidade. Darcy conservou-se sentado durante alguns instantes e depois, levantando-se, pôs-se a passear pela sala. Elizabeth estava espantada, mas nada disse. Após um silêncio de alguns minutos, aproximou-se, agitado, e disse:
- Em vão tenho lutado, mas de nada serve. Os meus sentimentos não podem ser reprimidos e permita-me dizer-lhe que a admiro e a amo ardentemente.Elizabeth ficou abismada. Olhou-o fixamente, corou, duvidou e não pronunciou palavra. O Sr. Darcy viu nisso um encorajamento e fez-lhe a confissão de tudo o que ele sentia e desde quando ele o sentia. Ele exprimiu-se bem, mas através das suas palavras outros sentimentos podiam ser percebidos, além dos do coração, e ele não falava com maior eloquência da sua ternura do que do seu orgulho. O sentimento da inferioridade de Elizabeth, do rebaixamento que aquele amor representava, os obstáculos da família que a razão sempre opusera à inclinação, foram descritos com um ardor que provinha do triunfo da sua afeição, mas que recomendava pouco as suas pretensões.Apesar da sua profunda antipatia, Elizabeth nunca poderia permanecer indiferente à paixão de tal homem, e, embora as suas intenções a tal respeito não mudassem por um só instante que fosse, a princípio sentiu pena por se ver obrigada a decepcioná-lo; mas, ressentida de novo com tudo o que ele a seguir lhe disse, ela perdeu toda a compaixão na sua cólera. Procurou, no entanto, dominar-se, para, com paciência, lhe saber responder mal ele acabasse de falar.Ele concluiu descrevendo a força da sua afeição, que, apesar de todos os seus esforços, não conseguira dominar; e exprimiu a sua esperança de ver essa afeição recompensada pela aceitação de Elizabeth. Elizabeth percebeu, assim, que ele não duvidava de que a sua resposta fosse positiva. Ele falava em apreensão e ansiedade, mas no seu rosto transparecia a certeza. Tal atitude só a exasperava ainda mais, e, quando terminou, o sangue subiu ao rosto de Elizabeth, que lhe disse:
- Em casos como este, creio que é costume exprimir a nossa gratidão pelos sentimentos que nos são confessados, qualquer que seja a incapacidade de os retribuir. É natural o sentimento de obrigação, e, se eu me sentisse de qualquer modo reconhecida, não deixaria de lhe agradecer. Mas nada disso me é possível; nunca desejei a sua boa opinião, que, aliás, o senhor me confere contra a sua vontade. Custa-me decepcionar alguém. Não é propositadamente que o faço e só me resta esperar que não dure muito. Os sentimentos que, segundo o senhor me disse, o impediram durante muito tempo de reconhecer o seu amor hão-de socorrê-lo facilmente após a presente explicação.
O Sr. Darcy, que estava apoiado contra a cornija da lareira, com os olhos fixos no rosto de Elizabeth, pareceu receber a comunicação dela com um ressentimento não menor do que a sua surpresa. O seu rosto tornou-se pálido de cólera e a perturbação era visível em cada um dos seus traços. Lutava por aparentar serenidade e não ousava pronunciar-se sem que o tivesse conseguido. A pausa era insuportável para Elizabeth. Finalmente, numa voz que ele esforçava por manter calma, disse
- E é esta a única resposta a que eu tinha direito e com a qual tenho de me contentar! Desejaria, talvez, ser informado da razão por que me rejeita assim, sem a menor tentativa de delicadeza da sua parte. Mas não tem importância.
- Também eu poderia perguntar - replicou ela - porque, com o intuito tão evidente de me ofender e insultar, resolveu o senhor dizer-me que gostava de mim contra a sua vontade, contra a sua razão e mesmo contra o seu carácter? Não é essa desculpa suficiente para a minha falta de cortesia? Se é que realmente cometi essa falta. Mas tenho outros motivos para me sentir ferida. O senhor conhece-os bem. Se acaso os meus sentimentos não me indispusessem contra o senhor, se eles lhe fossem indiferentes ou mesmo favoráveis, está convencido de que qualquer consideração me inclinaria a aceitar um homem que arruinou talvez para sempre a felicidade da minha irmã adorada?
Ao ouvir pronunciar tais palavras, o Sr. Darcy mudou de cor; mas a emoção pouco durou, e ele continuou a ouvir sem tentar interrompê-la.
- Tenho mil e uma razões para pensar mal do senhor - prosseguiu Elizabeth. - Nenhum motivo poderá desculpar o ato injusto e mesquinho que praticou. O senhor não ousará, não poderá negar que foi o principal, senão o único, agente na separação daquelas duas pessoas e em expô-las à censura e ao ridículo do mundo, uma delas por capricho e instabilidade e a outra pela decepção das suas esperanças, envolvendo-os aos dois numa situação extremamente embaraçosa.
Ela fez uma pequena pausa e viu, com grande indignação, que ele a escutava com ar de quem não sentia a mais pequena ponta de remorso. Ele olhava-a, até, com um sorriso de incredulidade afetada.
- Acaso nega o que fez? - replicou ela.
Com uma fingida tranquilidade, ele então respondeu:
- Não desejo negar que fiz tudo o que pude para separar o meu amigo da sua irmã; nem tão-pouco negarei que me alegro desse êxito. Fui mais previdente para com ele do que para comigo próprio.
Elizabeth desdenhou mostrar que compreendera a delicadeza desta observação, mas o seu sentido não lhe escapou, nem era de natureza a aplacá-la.
- Mas não é apenas daí que data a minha antipatia - continuou ela. - Muito antes disso já eu tinha opinião formada a seu respeito. O seu carácter foi-me revelado há alguns meses atrás pelo Sr. Wickham. Que se lhe oferece dizer a esse respeito? Que ato imaginário de amizade poderá o senhor alegar para se justificar? Que falsos motivos poderá inventar para iludir os outros?
- A menina denota um ávido interesse por esse cavalheiro - disse Darcy, com uma voz menos firme e corando intensamente.
- Qual a pessoa que conheça o seu infortúnio pode deixar de se interessar por ele?
- O seu infortúnio! - repetiu Darcy, com desprezo. - Sim, o seu infortúnio foi realmente grande.
- E foi o senhor quem o infligiu! - exclamou Elizabeth, energicamente. - Foi o senhor quem o reduziu ao seu estado atual de pobreza, de relativa pobreza. O senhor quem lhe recusou as vantagens que lhe estavam destinadas. Privou-o, durante os melhores anos da sua vida, da independência a que ele tinha direito, e aquela que, aliás, merecia. Tudo isto o senhor fez, e atreve-se agora a ouvir o relato do seu infortúnio com desprezo e ironia.
- É, então, essa a opinião que tem de mim! - exclamou Darcy, caminhando agitado pela sala. - É esse o valor que me dá! Agradeço-lhe por se ter mostrado tão explícita. As minhas faltas, tais como as representa, são realmente pesadas! Mas quem sabe - acrescentou ele, detendo-se no seu passeio e voltando-se para ela - se essas ofensas nunca teriam sido reveladas, acaso eu não tivesse ferido o seu orgulho ao confessar-lhe com toda a sinceridade os escrúpulos que durante tanto tempo me impediram de tomar uma resolução. Poderia ter evitado as suas amargas acusações se me tivesse mostrado mais hábil, escondendo-lhe as minhas lutas e fazendo crer que era movido por uma inclinação a que nada e opunha, nem a razão, nem a reflexão, nem qualquer outro motivo. Mas eu odeio toda a espécie de fingimento; nem tão-pouco me envergonham os sentimentos que lhe exprimi. São naturais e justos. Acaso esperava que me felicitasse pela inferioridade dos seus parentes! Ou que me alegrasse com a esperança de me relacionar com pessoas de condição tão decididamente inferior à minha?
Elizabeth sentia a sua cólera crescer a todo o momento; contudo, esforçou-se por responder serenamente:
- Está enganado, Sr. Darcy. A sua atitude apenas me poupou qualquer sentimento de pena que eu pudesse alimentar ao ter de recusar o seu pedido, acaso ele tivesse sido feito de uma forma mais cavalheiresca.
Ela notou como ele se sobressaltara ao ouvir tais palavras, mas o Sr. Darcy nada disse e ela continuou:
- Eu tê-lo ia recusado de qualquer modo. Nada me persuadiria a aceitar a sua mão.
De novo o seu espanto se tornou evidente; ele olhou-a com incredulidade e mortificação. Ela prosseguiu:
- Desde o princípio, desde o primeiro instante em que o vi, posso afirmá-lo, que as suas maneiras me convenceram de que era um homem arrogante, pretensioso e devotando a maior indiferença pelos sentimentos dos outros. Esta impressão foi tão profunda que constituiu, por assim dizer, o alicerce sobre o qual os acontecimentos subsequentes elevaram uma indestrutível antipatia; e ainda não o conhecia há um mês e já estava convencida de que seria o senhor o último homem no mundo com quem me convenceriam a casar.
- Não precisa acrescentar mais nada, minha senhora. Compreendo perfeitamente os seus sentimentos e nada me resta senão envergonhar-me dos meus. Perdoe-me ter tomado o seu precioso tempo e aceite os meus mais sinceros votos de felicidade.
E com estas palavras ele abandonou apressadamente a sala" [...]
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